domingo, 27 de março de 2011

Conte até 10

1, 2, 3 Calma que você está quase chegando no 10. Não explode, não pira, não grita. Vai, corre, pega um lápis e escreve a sua dor em silêncio. Não pertube! Ninguém mais aguenta as suas reclamações. A ponta do lápis quebra. Antes a ponta do lápis quebrado do que a cara dele. Guarda essa vontade para não quebrar o coração, guarda menina. Finge que não se importa, que está tudo bem. E se eu não nasci pra fingir? E se eu sou de verdade demais pra isso? E se a minha boca não fala mas meus olhos mandam o recado? 4, 5, 6 Porque ele tem que ser tão idiota? Haja amor, haja amor. Vai ver é uma necessidade dele: praticar babaquice. Ele deve ser cego pra não ver estampada a minha reprovação. Não gosto, não gosto e pronto. Ele sempre faz tudo errado. E eu, estou sempre agarrada à esperança de que ele possa acertar. Esperançosos ganham decepção. Quem ama volta pra casa chorando e dói e apanha e machuca e insiste. Teima que podem dar certo, mas isso não é verdade. Encasqueta que ele é teu amor, tua vida. Para de ser boba, menina. 7, 8, 9 Bobagem ou não, errando ou não, meu coração quer ele aqui. Torto, bobo, idiota, mas quer. Porque até quando ele está tropeçando nos próprios passos, e quase pisa no meu coração, ele continua sendo melhor que todos os outros. 10. É fácil, chega no 10 já passou a raiva, já passou tudo. Só uma coisa permanece sempre, mais forte e mais firme a cada momento: o amor. Falta de QI ou de amor próprio? Não. É só que contar até 10 é menos doloroso do que viver sem ele.


(ana flávia)

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